Já aqui falei, no Arpose, várias vezes, de Juan Ramón Jimenez (1881-1958), que é um dos meus poetas preferidos. Mas, há dias, folheando uma colectânea de poesia ( Antología de la Poesia Española [1900-1980], de Gustavo Correa, Gredos, 1980) deparei com um poema de Jimenez de que não me lembrava (alguma vez o terei lido?), e de que gostei . Não será dos melhores do poeta andaluz, mas não desmerece, pela juventude. Aqui vai a tradução:
A Viagem Definitiva
...E eu irei. E ficarão os pássaros
cantando;
ficará o quintal, com sua verde árvore
e seu poço branco.
Todas as tardes o céu será azul, tranquilo;
e tocarão, como esta tarde tocam
os sinos no campanário.
Morrerão aqueles que me amaram
e a terra será nova cada ano;
e naquele meu canteiro florido e caiado
o meu espírito há-de pairar nostálgico...
E eu irei; estarei só, sem lugar, sem árvore
verde, sem o poço branco,
nem céu azul e plácido...
E os pássaros ficarão cantando.
(Poemas agrestes, 1910-1911)
P. S.: para c. a., pelo seu dia, com parabéns e as melhores lembranças.
Gosto deste poeta que estou a reler, numa antologia de José Bento. Mas conheço-o mal.
ResponderEliminarMais uma excelente tradução.
É o aniversário de c.a.? Se sim, aproveito a boleia deste post para lhe enviar um abraço de parabéns.
Obrigado, MR.
ResponderEliminarSobre a pergunta, creio que sim.
Parabéns pela tradução. Uma beleza "agreste" este poema.
ResponderEliminarMuito obrigado, Luís Barata, eu também gostei muito do poema.
ResponderEliminarAdmito que poderia não ser uma boa solução para a economia nacional, mas ainda assim, se me dessem a escolher, eu quereria sempre prendas como esta, que não exigem bolsos, nem carteiras, que nos acompanham sempre, porque se guardam no coração. O poema é muito belo, e seguramente tal deve-se à qualidade da tradução. Grato pela lembrança, muito grato pela prenda. Bem haja, APS!
ResponderEliminarUm abraço grato, MR!
Foi um gosto, c.a..
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