quarta-feira, 7 de julho de 2010

Cancioneiro Geral (VI) : Garcia de Resende


Garcia de Resende a uma mulher que disse que ele ria muito


Tem-me tão morto o cuidado,
que me faz já não sentir,
e de muito transportado,
em vez de chorar vou rir.

Que se meu mal me lembrar,
como me lembrais meu bem,
meu prazer será chorar,
pois tão fora de cuidar
está em mim quem me tem.
E pois sou tão transportado,
que já não tenho sentir,
quem me vir folgar ou rir
creia que é de mor cuidado.


Nota: procedi a algumas actualizações ortográficas.

7 comentários:

  1. De Garcia de Resende li a crónica de D. João II, de que gosto muito. Conheço mal o poeta, mas pelo que vejo faço mal...

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  2. A imagem é uma pintura (fragmento de?) alemã de 1520, c. a..Deve ser a representação de um bobo (Narr). Como o "Cancioneiro Geral" é de 1516,foi o que achei de mais apropriado, tendo em conta o teor do poema de Garcia de Resende. Não sei se a sua "Crónica de D.João II" é seguida da "Miscelânea", que é muito digna de se ler como poema, embora longo.

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  3. Esta escolha continua de vento em popa. E a pintura é fantástica.

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  4. Mas está quase a acabar, porque tirando mais 2 ou 3 poemas, o restante ou não merece, ou são poesias muito longas ou, então, "impublicáveis" aqui...Talvez pegue, a seguir, na "Fénix Renascida", mas sei que a qualidade é muito inferior.

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  5. Concordo com MR, a pintura é fantástica e a meu ver não podia ter escolhido melhor. Quanto à "Crónica", agora que fala nisso, tenho ideia que sim. Hei-de procurar o livro. Muito grato!

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