domingo, 18 de julho de 2010

Mercearias Finas 11 : Senhores Vinhos na memória





Na sua, quase, rústica autenticidade e na sua "bondade" generosa gustativa, natural e pura, há vinhos que nunca esquecerei. A marca de muitos já não existe e, bem poucos amadores como eu, se lembrarão deles. Estou-me a lembrar do "Ribalta" tinto de que o extinto(?) Restaurante Paris, da Baixa lisboeta, ainda tinha algumas garrafas de 2 ou 3 colheitas dos anos 50 e 60, aqui há uns anos; ou dos "FR", ribatejanos fidalgos, macios e pujantes, cujo rótulo tinha uma pequena ferradura, como marca do produtor Francisco Ribeiro. Mas também dos Dão Cabido e das suas colheitas de 1964 e 1965, que eram excelentes. Tenho ainda, na garrafeira, um "Ribalta" tinto, da Companhia Comercial C. Vinhas, S.A.R.L., da colheita de 1966 que foi decantado e reengarrafado pelo produtor em 1978. Foi uma produção de 85.407 garrafas e a minha tem o número 27.861. É um Garrafeira que não tive ainda coragem para abrir. Será (seria) o meu último Ribalta, de boa memória, certamente.
Em antiguidade tenho de recordar um Garrafeira CRF de 1949 - foi o vinho mais antigo que bebi até hoje - e que também foi decantado e reengarrafado, nos anos 60. A esse, bebi-o no dia de Natal de 1979, acompanhado de um Queijo Serra babão e amanteigado, e em boa companhia familiar. Estava óptimo.
Tenho que lembrar também os vinhos do Bussaco (assim chamados por causa do Palace-Hotel) que só podem ser lá bebidos, ou no Hotel Astória, de Coimbra. São criação genial de um grande enólogo, já falecido: José dos Santos. Numa noite de grande nevoeiro, nos anos 90, provei o branco de 1983 e o tinto de 1982, no Palace-Hotel do Bussaco. Ambos esplêndidos. Estes vinhos do Bussaco são também célebres pela longevidade, mantendo todavia a sua qualidade de excelência.
Mas o caso mais notável e, talvez, o melhor vinho que bebi até hoje, foi um Garrafeira Aliança, tinto, de 1960. Tinham-me oferecido dois em 1978 ou 1979, e eu já só tinha uma garrafa. Mas eu conto: em 2001, alertaram-me para que havia uma garrafa a verter, gota a gota, na despensa-garrafeira. Fui ver. A rolha já tinha entrado para dentro da garrafa, mas a cápsula (ainda de chumbo, como eram antigamente) protegera o derrame e saída do vinho - só se perdera cerca de 5% do conteúdo. Pu-lo ao alto, no dia seguinte decantei o vinho, e bebêmo-lo. Estava belíssimo - a melhor recordação, vinícola, da minha existência.
Não falei dos Barca Velha, mas esses, ainda aí estão, para beber e durar...

10 comentários:

  1. Destes vinhos, bebi uns Aliança muito bons e também FR. Ainda no outro dia me interroguei se ainda haverá vinhos FR. Era (é?) do Cartaxo, mas não parecia.

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  2. Creio que já não há,MR.E eram muito mais biológicos do que os que, hoje, assim se denominam...

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  3. Tenho também alguns vinhos em memória... mais pela companhia e pela história com eles vividos. Um dos últimos... que é bem doce... está classificado na memória com o nome "APS&HMJ"... e mais não digo

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  4. Grato. Há também reciprocidade memorial.

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  5. Marco Dias
    E tenho dois Ribalta 1970 e 1961 Estão para venda .911136326

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  6. Diz o povo (?): "Não voltes aos lugares onde foste feliz". Mesmo a abertura do meu 66 será uma "roleta russa"...De qualquer modo, Marco Dias, agradeço a sua informação.

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  7. Já tive para abrir uma mas !!!!! Obrigado bom dia

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  8. Não sou conhecedor do mundo dos vinhos. Tenho, contudo, uma garrafa Rosé Ribalta 1966, da Cia Comercial C, Vinhas S.A.R.L Lisboa. Comprei esta garrafa por curiosidade quando ainda era adolescente. Não tenho coragem de abri-la.


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  9. Penso que é uma decisão sensata...

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