A Vésper veio a acompanhar o crescente da lua, de sudeste. Tiras, bem negras, de nuvens baixas deixam de fora, apenas, a catedral-pirâmide do consumo desta "Las Vegas" suburbana e um Cristo-Rei iluminado, em aparições sebásticas intermitentes. O vento agita, no mini-terraço, a oliveira laboriosa que, neste ano da graça de 2010, conta 49 pequenas azeitonas ainda verdes. Que o calor as engorde, para depois serem curtidas, e saibam a colheita pródiga deste jardim-suspenso da babilónia outrabandista. Um hibisco florido espera, paciente, por mais oito irmãos ainda de olhos fechados; outro, moribundo, já cerrou as pálpebras, e encomenda-se à terra.
À volta, a desproporcionada arquitectura das casas suburbanas, que tudo cerca. Mais as esculturas autárquicas feitas de metal envelhecido e ferrugento da desactivada Lisnave, da Parry & Son e de pequenas metalurgias que, com o tempo e a crise, foram fechando. Como se fecha o horizonte, deixando, apenas, ao alto e acima das nuvens negras e baixas, um azul escuro intenso e o crescente lunar.
O resto, é cimento...
"Las Vegas suburbana" é do outro lado do rio, para ser perto do Cristo-Rei. Famtástica designação.
ResponderEliminarMas, pelo que vejo nos filmes, porque não conheço, Las Vegas (a propriamente) também parece bastante suburbana.
E o Cristo-Rei é uma suburbanidade do Rio de Janeiro.
Fantástica e não famtástica.
ResponderEliminarÉ verdade, Miss Tolstoi,estava a ver o Cristo-Rei de costas, mas se os anjos não têm costas...
ResponderEliminar