sábado, 10 de julho de 2010

Deitando um cavalo à margem



É, de toda a obra de Nicolau Tolentino de Almeida (1722-1804), provavelmente, o poema (soneto XLVII) de que mais gosto. Mas, como muitas das coisas de que gostamos, não serei capaz de explicar porquê. Todavia isso também não é o mais importante mas, sim, aqui deixar o soneto.

Vai, mísero Cavalo lazarento,
Pastar longas campinas livremente;
Não percas tempo, enquanto to consente
De magros cães faminto ajuntamento;

Esta sela, teu único ornamento,
Para sinal de minha dor veemente,
De torto prego ficará pendente,
Despojo inútil do inconstante vento:

Morre em paz; que em havendo algum dinheiro,
Hei-de mandar, em honra de teu nome,
Abrir em negra pedra este letreiro:

Aqui, piedoso entulho, os ossos come
Do mais fiel, mais rápido sendeiro,
Que fora eterno a não morrer de fome.


6 comentários:

  1. É lindo este soneto, como é linda a foto do cavalo.

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  2. Obrigado. Não me lembro de alguma vez o ter lido... mas a minha memória....

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  3. Foi o Nicolau que até aqui me trouxe
    e então, por algum tempo aqui fiquei.
    Tudo não li, por ser noite adiantada,
    Sendo assim, outro dia certamente voltarei.

    ARFER

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  4. Foi o Nicolau que até aqui me trouxe
    e então, por algum tempo aqui fiquei.
    Tudo não li, por ser noite adiantada,
    Sendo assim, outro dia certamente voltarei.

    ARFER

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