O fermento demora a levedar, e há que dar-lhe o tempo necessário para que o pão seja perfeito.
Olhando o passado, sem grandes preocupações de rigor, pode concluir-se que haverá, em cada país, no máximo uma ou duas revoluções por século. E depois de uma revolução, as gerações seguintes vão amolecendo como a gelatina dos relógios de Dali. O conformismo instala-se: atiram-se, de vez em quando, umas pedras, à polícia, por desfastio; acampa-se, indignadamente, nas praças mediáticas, ou, cacafonicamente e de forma acarneirada, mostra-se uma revolta cristã e inconclusiva, pelos feicebuques e linquidins que a NSA, com paranóia mormónica persistente, vai registando. Tudo fogo de vista.
O que sobra de revoltados autênticos não chega para fazer uma revolução, mas apenas para pequenos atentados suicidas que, no fundo, pouco adiantam. Porque grande parte da adolescência se vai preparando, muitas vezes a conselho indirecto dos pais, para o desemprego, a resignação, a impotência ou o individualismo desenfreado. Mas também se pode entreter (depende da cultura) com as revistas róseas, os bebés reais, os papas franciscanos, os futebóis, as novas tecnologias e os aviários políticos. É só escolher a disciplina...
É por isso que os governantes e pacifistas europeus podem dormir descansados. Não haverá, tão cedo, Brigada Rossa, nem Baader Meinhof (RAF) ou FP-25. Nem sequer, em forma mais soft, um novo MFA.
Quando muito poderá haver Primaveras Árabes ( que é feito da Síria, não me dirão?!) que depois dão para o muito torto ou, como diria o povo, na sua sabedoria milenar: é pior a emenda que o soneto...
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