sábado, 4 de agosto de 2012

Curiosidades 58 : junqueiriana, com retrato


É sabido que Guerra Junqueiro (1850-1923), a partir de certa idade, viveu com certo desafogo económico que lhe permitiu, até, constituir uma colecção de Arte que, hoje, se pode observar na sua Casa-Museu, em pleno Porto. Mas os seus princípios de vida terão sido medianos. Segundo conta António Manuel Couto Viana (Gentes & Cousas d'Antre Minho e Lima, Viana do Castelo, 1988), por isso mesmo, João Penha, em Coimbra, lhe dedicou esta saborosa quadra:

Em Freixo-de-Espada-à-Cinta
Nasceu um novo Camões:
Sua mãe, D. Jacinta,
Negociava em melões.

Mas, ao que parece, nem tudo era exacto. Segundo informa Couto Viana, o nome da mãe de Junqueiro não era Jacinta, mas Ana Maria. O que é certo é que o Poeta terá casado rico, com uma abastada herdeira de Viana do Castelo. Socorrendo-me ainda da obra referida acima, o confrade nas letras, Gonçalves Crespo, em palavras, traçou-lhe, assim, o retrato: "...Olhos de um pardo vivo, brilhante...A fonte escantoada...o cabelo curto, corredio, negro; o nariz um pouco pronunciado, ligeiramente aquilino; o bigode áspero e pequeno como o de Scaramouche desguarnece os cantos de uma boca francamente rasgada e onde bastas vezes desabrocha a flor doentia e satânica do sorriso de Voltaire. O queixo ousado e enérgico; as mãos compridas, ósseas e fortes. Junqueiro é baixo como Horácio..., todavia no seu pequeno corpo esbelto, a linha ondeante e elástica dum «capitán» sanguíneo e resoluto."

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