segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Divagações 28 (muito desencontradas e com várias cores)


Um paulistano obsessivo vem pela quinta vez, hoje, ao Arpose, visitar o S. Jorge e o Dragão de Paolo Ucello. Oxalá seja a última!
Soube, de tarde, que o Sr. Cunha tinha morrido. Há 5 anos, e não dei por nada. Estimava-o, bastante.
A pequena rosa, que era laranja, hoje rósea e quase mumificada, vai secando no vaso, porque não temos tido coragem para a decepar - era muito bonita, quando viva e jovem, na varanda a leste... Mas os limões vão crescendo, muito verdes. Nas duas varandas, felizmente.
Os pássaros, apesar do tempo ameno, parece que também foram de férias. Não os oiço, mal os vejo. E se os avisto vêm em voo singular, desacompanhados de todo.
O "aladino" começou a piscar ás 20h40, mas a noite está a vir, vagarosamente. Imagino que as gaivotas, quase sempre presentes (hoje ainda não as vi) se divertem, como abutres, sobre os restos e sobejos das praias já desertas, a esta hora. Os banhistas do quotidiano irregular cada vez deixam mais lixo.
Há muitos, muitos anos atrás, tentei vestir a pele e imaginar-me na cabeça e desconforto dos banheiros e pescadores da Póvoa, criticando os sazonais banhistas. Se não me falha a memória, disse assim, juntando uns "versinhos":

São areias, passos, gente
que não têm nada de nosso
senão vagarosamente...

E a noite de Agosto acabou por cair. As casas vão-se iluminando, uma a uma. Mas está tudo quieto, não há vento: árvores, pessoas, aves não se mexem, mal se vêem. Só os aviões, iluminados, de vez em quando passam, altos. Anoto, nostálgico: 21h18. Azul escuro.  

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