Na introdução a "El-rei Junot", Raul Brandão (1867-1930) faz-se eco de um caso que lhe foi relatado sobre o Marquês de Pombal que, pelo seu pitoresco, aqui passo a transcrever:
"Conta-me o senhor marquês da Foz: - Um dia, quando se vendeu a mobília do palácio de Oeiras, dos Pombais, pediram-me para ceder uma casa que tinha com escritos na Rua do Ferragial, para se fazer leilão. Acedi e antes do leilão fui lá e agradaram-me diferentes objectos que comprei por 8 contos. Entre eles estavam cinco grandes vasos da China, cinco maravilhas, como nunca vi. Ao centro tinham as armas dos Pombais e eram precisas duas pessoas para os erguerem. Quatro coloquei-os à entrada da minha casa e o quinto na sala de jantar, defronte de uma estufa. Um dia estava à mesa quando por acaso reparei que o verniz do vaso estalara com o calor. Levantei-me, fui vê-lo: sob a casca aparecia outro desenho. Com a ponta de uma faca levantei o craquelé - e debaixo das armas de Pombal apareceram as armas dos Távoras! Tão certo é que até os grandes homens estão sujeitos a estas misérias!"
Extraordinário!Sou uma fã de Brandão, mas não li esse livro que refere. Vejo que tenho de ler.
ResponderEliminarO livro é de "trepidante" leitura, mas muito interessante e informativo. E muitíssimo curiosa, a nota introdutória de Guilherme de Castilho (edição da IM/CM, 1982), um pouco cruel, mas justa, sobre a anarquia criativa de Raul Brandão.
ResponderEliminarDeve esse caso ter acontecido no Palácio Foz. :)
ResponderEliminarMuito provavelmente.
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