Penso que uma das maiores deficiências dos portugueses é a ausência de sentido crítico. As miscigenações sucessivas ao longo dos séculos, apesar da periferia geográfica, terão contribuido para a nossa aceitação de todos, e de ninguém. O cristianismo, na sua piedade cristã, se nos aumentou a alma, terá sido, seguramente, em prejuízo da razão. A falta de educação, a artificial mas drástica fronteira de isolamentos vários, ao longo da História, a atávica ignorância provocada e intensificada pelos Poderes autocráticos, fizeram o resto. Para além de uma natural e inexplicável vontade de agradar a todos, originada, talvez, pela nossa sensibilidade ingenuamente romântica (no pior sentido) que é possível comparar-se a um infantilismo mental, bondoso.
Sobre Joana de Vasconcelos e a sua obra, eu tenho uma opinião cautelosa, embora positiva, que precisa de tempo, para se afirmar mais seguramente. Não a confundo, evidentemente, com adílias lopes nem hugos mãezinhas, por muito que pareçam assemelhar-se. Porque, à partida, há uma coisa que os une: não fazem mal ao Regime.
De algum modo, não fiquei surpreendido com o sucesso e recorde de visitantes ao Palácio da Ajuda, aquando da exposição magna e régia de Joana de Vasconcelos. Tenho a certeza que a grande maioria das visitas foi lá, não porque conhecesse e apreciasse a obra da Artista, mas para poder bisbilhotar depois, a bem e a mal. E porque seria uma vergonha, para as pobres almas, dizerem aos amigos que não tinham visto.
Eu fui no último dia e gostava de ter visto com mais calma, mas havia demasiada gente. De qualquer forma dei o tempo por bem empregue, porque uma coisa é ver nas fotografias e outra é ver ao vivo, ainda por cima, obras como estas, de uma grande dimensão, muitas delas.
ResponderEliminarGostei imenso de algumas obras, outras detestei ( o helicóptero, por exemplo...).
Admiro-lhe a enorme criatividade e gosto que com as suas obras, valorize e promova o que é genuinamente português.
Sou apenas uma simples espectadora de exposições ou espectáculos. Vejo mais para aprender.
Boa noite!
As obras de J. V. têm virtualidades positivas, uma das quais é a originalidade criativa. E, embora não tenha nada a ver com Arte, há um pormenor que não é despiciendo: dada a monumentalidade das instalações que cria e projecta, dá trabalho a várias pessoas. Nos tempos que correm, não é para desprezar.
ResponderEliminarDifícil conseguir uma foto melhor. Está tudo dito!
ResponderEliminarÉ realmente elucidativa...
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