quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Mercearias Finas 77


De fritas, não reza a história. Porque a História é feita, habitualmente, de grandes acontecimentos, de duques, reis e condes, omitindo os pequenos artífices, como a borboleta que, na China, batendo as asas, inocentemente, vai provocar, por um milagre gradual, um vendaval devastador, no outro lado do mundo.
As fritas são, como as azeitonas, um acompanhamento ou entrada, modesto, e, como não conseguiram, por rusticidade ou timidez, integrar-se na nouvelle cuisine, não é de bom tom falar delas. Mas, se tivessem ambição, quase poderiam ser crepes. Infelizmente, não foram estudadas para tanto, e são muito mais estaladiças.
Pois, aos anos que eu não como fritas, como se faziam em minha casa!... Que me lembre, levavam apenas farinha, sal e água mas, se bem frigidas, em lume lento e brando, ficavam deliciosas e tostadas com pequenas manchas mosqueadas de castanho claro. E, tirando as batatas fritas, eram para mim o melhor acompanhamento de um bife de alcatra ou de vazia.

Obs.: um agradecimento especial à Monika, em cujo acervo iconográfico encontrei a única imagem de fritas. Ou, pelo menos, parecida.

8 comentários:

  1. Não são pataniscas, que têm, pelos menos, uns fiapos de bacalhau. As fritas são mais espalmadas, normalmente dobradas, como uma boa omoleta, mas sem nada por dentro.

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    1. A mimha mãe também chama fritas às pataniscas, regionalismos ou termos familiares fazem com que se coma a mesma coisa mas, com nome diferente...

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    2. No fundo, são estas variedades regionais que fazem a elasticidade e riqueza da língua.

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  2. Hoje, penso que seria talvez uma receita tradicional e familiar.

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