Este livro "Regards sur le Monde actuel", de Paul Valéry (1871-1945), cuja edição ( idées/nrf, Gallimard,1964) irei lendo, traduzindo alguns excertos, foi publicado inicialmente em 1945, e escrito, com certeza, durante a II Grande Guerra. Daí enfermar, porventura, das circunstâncias que o sangrento conflito poderia provocar, psicologicamente, em quem o viveu. Mas não creio que possa ser considerado apenas um documento da época e datado. Creio que é bastante mais do que isso.
Dar-se-á, assim, continuidade a esta rubrica (A par e passo) com esta obra do poeta e filósofo francês Paul Valéry:
"...Eu nunca tinha pensado que existia verdadeiramente uma Europa. Esse nome não era senão uma expressão geográfica. Nós não pensamos senão por acaso nas circunstâncias permanentes da nossa vida; não nos damos conta delas senão no momento em que elas se alteram subitamente. Terei ocasião de mostrar, na altura própria, até que ponto a nossa inconsciência em relação às condições mais simples e mais constantes da nossa vida e dos nossos julgamentos, tornam a nossa concepção da história tão grosseira, a nossa política tão vã, e por vezes tão ingénua nos seus cálculos. Ela leva, mesmo os grandes homens, a conceber projectos que evoluem por imitação e seguindo convenções de que eles não se apercebem da própria insuficiência. (...)
Pus-me a tentar desenvolver o meu sentimento ou a minha ideia infusa da Europa. (...)
Sob o nome de história da Europa, eu não vi senão uma colecção de crónicas paralelas que se entrelaçavam por momentos. Nenhum método parecia ter precedido a escolha dos "factos", decidido a sua importância, determinado com nitidez o objectivo a atingir. Notei um número incrível de hipóteses implícitas e de entidades mal definidas. ..."
Paul Valéry, in Regards sur le Monde actuel (pgs. 9/10).
Não está muito longe do que pensa o grande defensor da Europa que é Edgar Morin: vários países criados de modos diferentes e com culturas diversas - o que é uma riqueza.
ResponderEliminarÀ partida, também estou de acordo, mas este conjunto de forças centrífugas e centrípetas, pelo presente, não está a ter uma síntese feliz.
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