quarta-feira, 3 de julho de 2013

A par e passo 47


Crítica dos Desejos

Os mais importantes pensamentos são aqueles que contradizem os nossos sentimentos.
Nada mais estúpido do que considerar o objecto do desejo como coisa verdadeiramente desejável. Enquanto desejo, devo lembrar-me do erro que eu posso cometer ao desejar.
É preciso dar tempo ao tempo de deixar vir um desejo ao, - ou incompatível com (o) - desejo que eu sentia. Ou um desgosto.

Paul Valéry, in Tel Quel II (pg. 256).

4 comentários:

  1. Em certa medida concordo com Valéry.

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  2. Não concordo. Se o nosso estado de consciência for elevado, bem elevado os nossos desejos também o serão, bastante altruístas. Aliás tenho reparado com a minha idade que o que se sente é muito mais importante do que se pensa. Sei que os desejos elevados juntos com pensamentos elevados têm uma força infinita, quase Divina.

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  3. Está no seu pleníssimo direito democrático de discordar, meu caro Torresão.
    Mas haverá entre nós, porventura, uma diferença de tomo, visível no seu divino, iniciado por maiúscula.
    Por outro lado, é deste conflito interior humano, de que fala Valéry, que, às vezes, progredimos, na versão muito pragmática de Hegel.

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