quarta-feira, 24 de junho de 2015

Uma fotografia, de vez em quando (63)


Como em quase todo o tipo de arte, uma fotografia pode sugerir ou contar uma história, ou, simplesmente, ser. Ou seja, através de múltiplos aspectos (expressivos, dramáticos, estéticos...) ou sensações que desperta no espectador, ser uma obra de arte, ao focar um momento de visão humana singular, aparentemente, irrepetível e perfeito.
É sobretudo essa diferença, grande e de grau, que separa a produção banal e amadora, ainda que eficiente, da obra de arte objectiva. Mas esta diferença raramente é perceptível para todos. Por falta de conhecimento específico, por ausência de sentido crítico suficiente. Daí um certo tipo de cegueira comum, que permite a confusão e mistura de grau, entre as obras. Que, nem sempre, são arte.
Eu próprio tenho alguma dificuldade, até porque não sou especialista na matéria, em destrinçar e avaliar, com rigor, a obra da fotógrafa judia Dorothy Bohm, nascida em Koenigsberg, no já distante ano de 1924. Influenciado, talvez, por esta magnífica fotografia de 1963, que ela fez sobre o empedrado de Lisboa.

Ou, ainda pelo instantâneo com que fixou uma cena, em 1953, no Jardim das Tulherias, em que uma pequena criança, agasalhada, parece conduzir e comandar um cão desmesurado...


6 comentários:

  1. Belas fotografias. Gosto especialmente da fotografia da menina com o cão. Bom dia!

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    1. São realmente, ambas, muito interessantes e bonitas.
      Bom dia!

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  2. A minha preferência vai para a primeira. Gosto do jogo de luz e sombras, do grafismo do empedrado, do ritmo/vida conferido ao conjunto pelo posicionamento dos elementos na fotografia, e da sensação de " volume" dada pelo candeeiro (parece uma imagem 3D).
    Também gosto da quebra de monotonia dada pelas linhas da escada ao padrão do empedrado, destacando assim a beleza deste. E gosto do ângulo escolhido para fotografar. Muito bom. Engraçado...ao mesmo tempo que se sente a placidez da cidade de Lisboa, também se sente uma pequena história ( a mãe - presumimos, nós - com a criança ao colo, a passeio, e o cão, seria delas ou já estaria ali...) que lhe confere um certo dinamismo, diria, central. Um cruzamento de vida com os muitos cruzamentos do empedrado, que podem, também eles, simbolizar a dinâmica da Vida em si...
    Está a ver o que fez? Já me pus para aqui a delirar...:-)) Muito bonita, a foto.

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    1. É esse o grande mérito da obra de arte: não nos deixar indiferentes ou a dizer, apenas: gosto! Uma obra de arte (e admitámos que a fotografia de Lisboa o é) tem a faculdade de nos estimular e obrigar a um diálogo. A Sandra glosou, exemplarmente em comentário, esse efeito activo sobre a nossa imaginação. E esse resultado é talvez a melhor prova de a essa fotografia de Dorothy Bohm é, na verdade, uma obra de arte.
      Foi um magnífico delírio, o seu!..:-)
      Uma belíssima noite!

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  3. Obrigada. :-)) A foto interpela, não nos deixa de todo indiferentes e foi muito bem conseguida - o momento foi muito bem escolhido (todos aqueles elementos tinham de lá estar para a foto ser uma história). O APS soube seleccioná-la bem. :-)) Obrigada por partilhar. Não conhecia esta senhora. Fiquei curiosa pela história dela.
    Uma excelente noite também para si! :-)

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    1. A fotografia de Dorothy Bohm andava-me na memória, à espera de voz que a merecesse... Que encontrou eco, na sua. Foi bom e uma óptima recompensa.
      Renovados votos cordiais de uma boa noite!

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