"...Um outro cristão-novo, Manuel Batista Peres, «el capitán grande», nasceu em Ançã em 1589. Aos 5 anos veio para Lisboa, aos 12 para Sevilha, aos 20 torna a Lisboa donde viaja para a Guiné entregue ao tráfego negreiro. Desembarcou umas quatro vezes em Cartagena das Índias com armações de negros. E durante anos navegou em comércio entre Cartagena e Callao, o porto de Lima.
Em Callao era proprietário duma loja na Rua dos Mercadores, dumas casas de morada junto ao convento de S. Domingos, duma quinta no vale de Bocanegra, duma fazenda nas Lomas de Pachacana e de casas para negros em S. Lázaro. Em 1635 a sua biblioteca reunia 150 títulos, de Xenofonte a Plínio e Cícero, e nos contemporâneos Cervantes, Quevedo, historiadores espanhóis, João de Barros, Diogo de Couto, as Rimas de Luís de Camões, Fernão Mendes Pinto, Francisco Rodrigues Lobo. ..."
António Borges Coelho, in Os Filipes (pg. 118).
Se me não questiono sobre o resto da vida deste grande comerciante luso, por terras do Peru, outro tanto não acontece sobre qual terá sido o destino da sua interessante biblioteca. Quem sabe se amarelecida pelo calor tropical e pela humidade geográfica local. Pergunto-me, se sobreviventes, por onde andarão as Rimas de Camões, o livro de Quevedo e a, hoje, raríssima (e cara) Peregrinação de Fernão Mendes Pinto. Na melhor das hipóteses, poderão estar no acervo de alguma biblioteca universitária (?) do Peru. Assim seja!
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