sábado, 20 de junho de 2015

A reter


"...O que se passa hoje é como se, invisivelmente, se estivesse a realizar uma das funções essenciais que Orwell atribuía ao Big Brother, que era tirar todos os anos algumas palavras de circulação, porque sabia que é mais fácil controlar pessoas cujo vocabulário é restrito e que, por isso, têm dificuldades em expressar-se com clareza e riqueza e, em consequência, dominam menos o mundo em que vivem. O incremento de formas de expressão quase guturais como os sms e o Twitter apenas dá expressão a um problema mais de fundo que é a desertificação do vocabulário, fruto de pouca leitura, e de um universo mediático muito pobre e estereotipado. ..."

J. Pacheco Pereira, in Demasiado lampeiros para serem sérios (jornal Público de 20/6/2015).

3 comentários:

  1. Como escreveu o grande mestre Hokusai, «... quando eu tiver oitenta anos, terei progredido ainda mais; aos noventa, penetrarei no mistério das coisas. Com cem anos, serei um artista maravilhoso. E quando eu tiver cento e dez, tudo o que eu criar: um ponto, uma linha, tudo será vivo".
    Pode dizer-se muita coisa com poucas palavras, e até com riscos e gestos. Basta que haja o que dizer.
    Compreendo que JPP se preocupe, e justamente, com as coisas da forma. (Ele, que é uma das estrelas do universo mediático que critica). E também compreendo que os seus escritos sejam, quase sempre, demasiado longos e repetitivos. Isso é fruto da sua falta de compreensão do mundo e de sentido poético.

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  2. Aaaa... e bom domingo, solarengo, com comeres, beberes e livros fresquinhos!

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    1. Bom...Ao JPP, conheci-o, ainda não tinha ele 20 anos, eu mais 4, por indicação intermediada de um grande Poeta. Voltei a encontrar-me com ele, mais duas ou três vezes, sempre em Lisboa; depois, nunca mais. Mas deu para conhecer-lhe a inteligência, a grande cultura e um verso lindíssimo de um poema que ele fizera: "...só amor se recomeça..."
      O que ele hoje diz, tem quase sempre pertinência. Como tem pertinência aquilo que António Guerreiro escreve, ou Jaime Nogueira Pinto e Adriano Moreira pensam.
      Haverá mais alguém a reflectir, em Portugal? Com qualidade e abrangência, não descortino ninguém, infelizmente...

      Hoje, vai haver Rascaço, no forno, e "Vinha das Servas", que é um branco bem bom!
      Os amigos, que nos vem fazer companhia, merecem. Não vai é haver tempo para leituras - só conversa cordial.
      Um bom domingo, para si, também!

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