quarta-feira, 17 de junho de 2015

Impromptu (16)


Ao fim do dia, o vento levantou da sua própria omissão.
Manaus, a França e o seu discurso elegante e directo, a rua do Poço dos Negros (onde os escravos eram sepultados), Évora e a sua Praça do Giraldo (o sem pavor) e, depois, ainda me vieram à memória do gosto, por segundos breves, as broas de mel da pastelaria Colonial (Guimarães) ao saborear outras, à sobremesa, muito frescas e fofas, que HMJ trouxe das suas deambulações bairro-altinas. Mais a tertúlia cordial das quartas ou quintas-feiras, a que um bom amigo dá corpo e espírito. E ainda vieram as andorinhas frenéticas (Raul Brandão dixit), em voos alucinados, talvez sobre os invisíveis insectos, que sobrevoam o Tejo, depois da canícula da tarde. Ainda a noite não tinha caído, vejo eu, ao longe, o primeiro bando (10? 12?) de estorninhos deste ano, como se numa elegante nuvem de fumo...
Como hei-de formatar toda esta parafrenália babélica, para arrumar o dia? Só um genial arquivista calejado ou um conciso e espartano contador de inventários conseguiria dar conta rigorosa destas minudências humanas e efémeras deste dia, que entra agora no seu ocaso de luz. Lentamente, é certo, que os dias ainda vão crescer, pela graça do Sol, por mais uma semana... 
Não vem a propósito, mas soube hoje que Luanda é a cidade mais cara do mundo. (Diria o colonialista reaccionário: mas Lisboa tem mais turistas.) Olé!...

2 comentários:

  1. Tb vi na tv essa de Luanda... Até ficamos sem palavras.

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    1. Pergunto-me como viverão os naturais, do povo. Dos cleptocratas, sabemos nós que vêm fazer compras à av. da Liberdade (Lx.), talvez porque deve ser mais barato...

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