Um dos últimos, senão o último representante de uma geração de ilustres e coerentes intelectuais activos (Orwell, Bernanos, Malraux, Char...) que deram o corpo ao manifesto, lutando, no terreno, por aquilo em que acreditavam, o francês Régis Debray (1940), autor prolífico (57 livros), lançou recentemente mais uma obra: Un cândide à sa fenêtre. E tem-se desdobrado em intervenções diversas (aconselho a audição de um vídeo que MR colocou no blogue Prosimetron, há pouco) e entrevistas. De uma das últimas, concedida à revista Marianne (nº 946), aqui vão, traduzidos, alguns excertos-sublinhados, que fiz:
-"Destruindo por todo o lado os Estados (Iraque, Líbia...) acabámos por trazer as tribos ao poder."
-"A superstição da economia, com um pouco de moral em cache-sexe, é isso que fazem os idiotas estratégicos."
-"Nós tirámos os sapatos antes de entrarmos numa mesquita; pedimos às jovens muçulmanas para tirarem o véu, antes de entrarem na escola. Chama-se a isto reciprocidade. A escola republicana possui uma sacralidade própria. Auschwitz, também."
-"Mas os homens da cultura, é uma questão de ecossistema, não devem misturar-se com os negócios, e cada vez menos. Julien Gracq dizia-me muitas vezes que a política não é uma actividade digna do espírito."
-"Vista da esquerda, a direita tem dois motores, o lucro e o medo (do outro, do novo, etc.). E vista da direita, a esquerda é o ressentimento e a fuga para o abstracto, para não olhar o real de frente."
com agradecimentos a MR.
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