terça-feira, 30 de junho de 2015

Recuperado de um moleskine (13)


Se para um sim o silêncio basta para o significar, como aquiescência, o não obriga, normalmente, a que a palavra seja pronunciada, para o expressar.
Sobre o não (ou non) falou, há muito, o Pe. António Vieira (1608-1697) num sermão célebre ("...Terrível palavra é o non."), e por palavras; Manoel de Oliveira (1908-2015) glosou-o, sobretudo em imagens.
Forma última de defesa e sinal inequívoco de maturidade, o não é, muitas vezes, um sinal de desconforto, para quem o pronuncia e para quem o recebe. Mas, até mesmo nas crianças, pode indiciar um modo de afirmação pessoal. E, nem sempre, apenas de rebeldia, caprichosa.

2 comentários:

  1. Pelo mundo fora, o sim e o não variam de muitas formas. Por exemplo, na Grécia pergunta-se e, quando as respostas possíveis são sim ou não, refere-se o não em primeiro lugar. A própria palavra grega para sim parece não, enquanto o não é uma espécie de "Oh! Sim!"
    Nesta altura, parece-me começar a compreender que o referendo grego será um sinal de maturidade e uma vitória da democracia, desde que votem não. Caso contrário, não se fala mais no assunto.

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    1. Neste oxímoro - se considerarmos as palavras em conjunto - parece haver, nas 2 línguas (grega e portuguesa), um ponto comum: escrevem-se com três letras. O que não deixa de ser curioso.
      Mas conheci e, provavelmente, hei-de conhecer, ao longo da minha vida, muita gente que (por delicadeza? [lembrar Rimbaud]) não consegue, ou só com extrema dificuldade diz "não". Na sua excessiva e inglória tentativa de agradar a todos.
      Infelizmente, o "nim" só existe em teoria...

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