Desta privação que é o Inverno, ou da sua anunciação que dele faz o Outono, em que cabelos e folhas caem, avisados animais se recolhem ou hibernam e as rosas se esquecem de florir, se faz esta atmosfera interior, esta parda claridade.
Apetece o silêncio, a exclusão, a frase curta, a síntese, o gesto ao invés da explicação demorada, ou da frase longa. Mas também há quem faça do Inverno a sua casa, pela sua intimidade e recolhimento. Em que a memória se enrosca sobre os dias passados. Enfim, pela triagem do silêncio pródigo que a Primavera e, sobretudo, o Verão raramente propiciam.
Detesto o Inverno - sobretudo a chuva... E o recolhimento só me sabe bem num sítio simpático e confortável, rodeada por aqueles de quem gosto - em casa a ver um bom filme, ou no cinema, numa quinta, à lareira a beber chocolate quente, uma ida a Madrid com direito a churros, um passeio a Sintra com lanche de travesseiros (da Piriquita), uma ida à Serra da Estrela (com neve) - seja como for, numa espécie de hibernação ou migração. Gostei do seu texto e logo que puder gostava de ler um dos seus livros de poemas. Boa Terça-feira (felizmente o sol espreita).
ResponderEliminarObrigado. E eu também já gostei mais do Verão, Margarida. Mas é bom que as estações possam ser enquadradas por coisas de que a gente gosta. No meu caso, o mar, que quase prefiro vê-lo, em Outubro, quando as praias estão desertas e limpas.
ResponderEliminarSobre os livros, são apenas dois: quanto ao segundo ("Equilíbrio", 1988, Ed. Caminho), creio que terá dificuldade em encontrá-lo; o primeiro ("Escrito para a Noite", 1984, IN-CM) é possível ainda adquiri-lo numa das lojas da Imprensa Nacional (R. da Escola Politécnica, por exemplo).
Moro lá ao pé e irei procurar.
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