quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A voz, D. João II e o Conde de Borba


Aqui há uns bons 30 anos, conheci alguém (R. de S.) cuja carreira profissional administrativa tinha sido feita, exclusivamente, nas Colónias, sobretudo em Angola. Tinha uma alcunha sugestiva mas de que eu desconhecia a origem e a que se devia. Era um homem urbano e afável. Ora, numa festa de aniversário, R. de S. pediu licença para discursar. E, quando ele começou, fez-se-me luz no espírito. A sua voz era empolgada e tonitruante. A alcunha de R. de S. era "O garganta do Império", e assentava-lhe que nem uma luva.
Lembrei-me do episódio, porque ontem li uma pequena história contada por Garcia de Resende, sobre o Conde de Borba, D. Vasco Coutinho, um próximo do rei D. João II. Ao que parece, o Conde quando falava baixo mal se ouvia mas, se falava alto, a sua voz dominava tudo. D. João II ter-lhe-á dito, um dia: "Conde, os vossos baixos são tão baixos que vos não ouve ninguém, e os altos tão altos que se não ouve ninguém convosco!"

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