domingo, 16 de outubro de 2011

Um escritor e um livro



O escritor teve, há muito, o meu inteiro agrado, e li-lhe a obra quase toda.
O livro, em questão, tem a minha marca de posse manuscrita, datada de 1971. Mas sei que foi editado anteriormente, embora tivesse sido proibido e apreendido, pouco tempo depois, à ordem da Censura, então vigente. Comprei-o, por isso, mais tarde, em segunda mão, e foi uma preciosidade durante 3 ou 4 anos. O livro estava, e está, em muito mau estado, desconjuntado, descolado e tem a imagem da capa esfacelada. Em 1971, arranjei-o com fita gomada e li-o sofregamente. De todas as obras que li no passado, este é um dos que pertence ao núcleo duro dos inesquecíveis, por me ter causado uma impressão profunda e duradoura, até hoje.
Peguei nele, hoje, dia em que passa mais um aniversário do nascimento do escritor francês Roger Vailland (1907-1965). Vailland escreveu "Un Homme du peuple sous la Révolution" em parceria com o historiador Raymond Manevy que, pelos seus conhecimentos, lhe forneceu fundamento e suporte realista sobre a Revolução Francesa, nos cenários e acção histórica. Mas o estilo e método são de Vailland. Melhor do que explicar o meu gosto pela obra, será dar a palavra a Pierre Gamarra a propósito da qualidade da escrita do escritor francês: "...conserva sempre a brevidade, a clareza quase cirúrgica e uma espécie de secura sem paisagem, sem abandono, que contribui para criar a tensão dramática".

2 comentários:

  1. Um escritor que devorei na minha juventude.
    Há anos li os seus "Escritos íntimos" e achei-os um bocado despudorados. :)

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  2. De acordo, mas R.V. sempre quis cultivar uma imagem de intelectual libertino. O que, por comparação com o nosso Luiz Pacheco, dá uma ideia do nosso amadorismo militante..:-)

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