"Ramalhal figura" lhe chamava Eça, com a sua habitual ironia, abstractizando o vulto alto de Ramalho Ortigão (1836-1915), nascido no Porto, a 24 de Outubro. Moderno em muitos aspectos, adepto da prática de ginástica diária e caminhante infatigável, mas conservador nos seus princípios ideológicos de monárquico convicto, eis o autor de "John Bull" que convoco, neste blogue e no dia do aniversário do seu nascimento, para que seja mais lido. Da sua prosa coloquial, simples e elegante, recomendaria "As Praias de Portugal - Guia do Banhista e do Viajante" que, a par de "Os Pescadores" de Raul Brandão, é um dos livros portugueses em que melhor se fala do Mar. Para aguçar o apetite ouçamos, então, um bocadinho de Ramalho Ortigão ("De Pedrouços a Cascais"):
"Se queres dar, leitor, o mais belo dos passeios permitidos ao habitante de Lisboa, faze o que eu ontem fiz.
Levanta-te às 5 horas da manhã, num domingo, veste-te à luz do candeeiro, porque em Setembro ainda não é bem dia a essa hora, pega na tua bengala e no teu binóculo e vai à ponte dos vapores do Cais do Sodré.
Tomamos um bilhete de ida e volta no vapor de Cascais por dez tostões. Ainda é cedo, o vapor não parte senão às 7 horas. Entramos no Café Grego e fazemo-nos servir uma chávena de leite ou chá preto. ..."
Bem gostaria de saber mais sobre este Café Grego que já existia no Cais do Sodré em 1840.
ResponderEliminarOs olissipógrafos encartados não falarão dele?
ResponderEliminarOutrabandista, como estou hoje, e com a bibliografia olissiponense no local adequado (Rua Velha do Tesouro), não posso pesquisar. Tentarei depois.
Alguns falam, mas sem grande precisão.
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