quinta-feira, 20 de outubro de 2011

As estridências da manhã


Ainda embebido do suave torpor do sono tranquilo, acordo alucinado para "a loucura do dia-a-dia". O primeiro e matutino despertador é o estridente "tlim-tlim" do 28, desesperado, que não consegue passar na rua por causa de um carro mal estacionado, que uma jovem egoista deixou ao deus dará, para ir ao banco.
No Camões, as estridências são de 3 tipos: buzinões, vuvuzelas e o INEM. As primeiras vem dos automóveis, bloqueados no trânsito por um grupo de cerca de 100 manifestantes que sopram, brutalmente, nas vuvuzelas (segunda estridência); a sirene do INEM tem desculpa - deve levar alguém aflito.
Acalmo e sereno, apenas, ao passar pela paragem do 750/790, da Carris, na Rua da Misericórdia. Uma imagem fantástica: alguém que, pelo rosto, poderia ser o Luiz Pacheco, até na idade. Um clone autêntico. Destoa apenas a bengala elegante e com castão de prata, e um lencinho vermelho a aparecer na lapela, com garridice inesperada. E o ar era mais composto e arrumado que o do falecido escritor, mas não faltavam sequer as lentes garrafais nos óculos de menino(-velho) infeliz.
Deixo-o para trás: vou ao que vim. E regresso ao ruído insolente e ensurdecedor das vuvuzelas...

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