De provérbios com referência a Guimarães, conheço apenas três; dois deles com sugestões à indústria de cutelaria, florescente em meados dos anos 50 do século passado, mas que hoje já não terá muita força no tecido económico da cidade. A concentração destas pequenas fábricas era em Creixomil, a cerca de 2 quilómetros da urbe. Seguem os anexins:
1. - Guimarães, a cada porta sete cães.
2. - Guimarães, perna torta, pai dos cães.
3. - Guimarães esfola gatos e mata cães.
Os cães, como se pode ver, são recorrentes, mas creio que apenas servem para rimar com o nome da cidade. O esfolar será uma alusão indirecta à indústria de cortumes, hoje decadente ou quase inexistente. Quanto aos dizeres, o mais interessante é, para mim, este: "Guimarães tem uma sé sem bispo, um palácio sem rei, uma ponte sem rio". A "sé" refere-se à Colegiada ou Igreja de Nª. Sra. da Oliveira que tinha apenas direito a um Dom Prior que era, também, Monsenhor. O "palácio" é obviamente os Paços dos Duques de Bragança, junto ao Castelo. A "ponte" existia (existe?) no lugar de Sta. Luzia e passava por cima de um pequeno ribeiro que as gentes de Guimarães chamavam, pomposamente: Rio de Selho. E que, no Verão, secava e deixava de se ver.
Outro dos ditos era: "Se fores a Guimarães, tem cuidado com as canelas". Mais uma alusão à indústria de cutelaria que utilizava o osso dos animais (ou os cornos dos bovinos) para cabos de facas e de garfos. O último dos dizeres tem mais que se lhe diga. Refere: "Os de Guimarães têm duas caras." E era, liminarmente, rejeitado pelos vimaranenses, como sendo um insulto à sua dignidade. A origem terá sido uma estátua (nas imagens) que encimava um edifício, sediado próximo da Colegiada, e que serviu de Paços do Concelho (ou Câmara), para depois vir a ser, até há pouco tempo, o Arquivo Municipal Alfredo Pimenta. A estátua, que é provavelmente do séc. XVIII, representa um guerreiro. Começaram a chamar-lhe "o Guimarães". E como a armadura tem representada, no lugar da barriga, um rosto, a estátua teria 2 caras. Daí o dito referido.
"Guimarães tem uma sé sem bispo, um palácio sem rei, uma ponte sem rio" e tem as Nicolinas, que são outra excentricidade intrigante. Gosto muito de Guimarães. Durante uns tempos tive de ir até lá, por várias vezes, e por obrigação, mas sempre sem sacrifício.
ResponderEliminarEmbora eu não seja imparcial, no afecto, considero Guimarães e Évora as cidades portuguesas mais agradáveis. As "Nicolinas", minha cara N., terão um poste especial..:-)
ResponderEliminarAh! :-)
ResponderEliminare nem de propósito: ainda esta semana fui a Évora e sim, concordo inteiramente consigo! :-)