É timbre das corporações, sejam elas profissionais ou de interesses, uma certa omertà que, tacitamente, inibe os seus membros de revelar métodos, de criticar outros membros dessa mesma sociedade, denunciando-os ou referindo as suas fraquezas. Protegendo-os assim de perigos exteriores.
Herberto Helder completaria amanhã (23/11) 85 anos, não fosse ter falecido a 23 de Março passado. Não é demais lembrar a notável evolução ( na minha opinião, positiva ) que se processou nos seus últimos livros publicados, e que engrandeceu muito a sua obra poética. Coisa rara, na velhice dos poetas.
Mas além de notável artífice, nesta carta manuscrita que dirigiu a Eugénio de Andrade, pelo Natal do ano 2000, revela um apurado sentido crítico, sem papas na língua, ao abordar a obra poética de alguns confrades, de forma desapiedada, mas muito certeira. Coisa, também, muito rara nos tempos que correm.
Nota: a carta manuscrita de Herberto Helder, para Eugénio de Andrade, não é inédita. Foi publicada no "Jornal do Fundão" em 17 de Junho de 2005. Reproduzimo-la, em memória dos 2 grandes poetas do século XX português. E para os relembrar.
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