Esta neblina vaporosa que se abateu pela ante-manhã de Lisboa, mantendo-a numa obscuridade leitosa, parece apagar as casas, o rio, dissolver o raciocínio, dificultar a razão, pelo menos, temporariamente. Até o dia se clarificar. E a geometria restaurar as referências que nos são próprias e conhecidas. Um pouco por acaso, mas também por coincidência apropriada, leio (e traduzo), o quase início de The Death of Tragedy (1961), de George Steiner:
"...Todos os homens sabem o que é a tragédia na vida. Mas a tragédia, enquanto forma dramática, não é uma noção universal. A arte oriental conhece a violência, a dor, a catástrofe natural ou premeditada; o teatro japonês está cheio de acções ferozes e de mortes com grande aparato; mas este cenário de sofrimento e de heroísmo pessoais a que nós chamamos teatro trágico é muito específico na tradição do Ocidente. ..."
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