Em carta para o amigo Alfredo de Campos, datada de Coimbra e de 3/5/1890, António Nobre (1867-1900) tece, a propósito da leitura do livro "Notes sur l'Angleterre", de Taine, algumas considerações pitorescas sobre os ingleses, de que aqui deixamos uns excertos mais significativos:
"...O melhor organismo da Europa, a Inglaterra. (...) Aquella vida ingleza tão recta, originalissima, que faz corpos como o de Apollo, e fez o maior poeta do Mundo, como é differente da que leva ha um punhado de séculos, a Nossa Senhora da Raça Latina, fazendo blagues, comendo macarroni, correndo toros,... copiando tudo isto! Lê o Taine. Ficas encantado com aquelle paiz: - com a sua ordem e aceio, com os seus lares, com as suas Universidades. O unico paiz que tem a Linha.Ninguem, lá, é gôche, nenhum anglo sua: d'ahi o singular dominio que mesmo sobre altas creaturas exerce, um simples «squire», com o seu collar de neve, ou um «shake-hands» da sua mão aceiada. Nunca observaste, em Leça, a colonia mediocre da grande Ilha-Fria. Não achas n'esses simples comerciantes, muitos delles estupidos, por certo, e más-Almas, talvez - um Ar, um quê differente dos nossos compatriotas, sempre de côco, ainda com a poeira do «americano», fazendo má figura na Agua, à hora do banho, não tendo firmeza nos pés com que andam, não alevantando mais a cabeça, como quem amargamente scisma que não é quem foi?... Oh! a Renascença..."
"...O melhor organismo da Europa, a Inglaterra. (...) Aquella vida ingleza tão recta, originalissima, que faz corpos como o de Apollo, e fez o maior poeta do Mundo, como é differente da que leva ha um punhado de séculos, a Nossa Senhora da Raça Latina, fazendo blagues, comendo macarroni, correndo toros,... copiando tudo isto! Lê o Taine. Ficas encantado com aquelle paiz: - com a sua ordem e aceio, com os seus lares, com as suas Universidades. O unico paiz que tem a Linha.Ninguem, lá, é gôche, nenhum anglo sua: d'ahi o singular dominio que mesmo sobre altas creaturas exerce, um simples «squire», com o seu collar de neve, ou um «shake-hands» da sua mão aceiada. Nunca observaste, em Leça, a colonia mediocre da grande Ilha-Fria. Não achas n'esses simples comerciantes, muitos delles estupidos, por certo, e más-Almas, talvez - um Ar, um quê differente dos nossos compatriotas, sempre de côco, ainda com a poeira do «americano», fazendo má figura na Agua, à hora do banho, não tendo firmeza nos pés com que andam, não alevantando mais a cabeça, como quem amargamente scisma que não é quem foi?... Oh! a Renascença..."
Gostei, não pelos ingleses mas pela forma que são descritos - por arrasto e comparação- os "lusos".
ResponderEliminarDiria: uma carta de António Nobre sobre os portugueses...
ResponderEliminarPercebo. Porque, na realidade, anda por aqui um jogo de espelhos...
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