quinta-feira, 3 de março de 2011

Economia, política e hipocrisia


Por razões objectivas, os postes de ontem, no Arpose, tiveram um cariz político. Falei de intelectuais, interventivos ou não, dos parasitas sugadores das agências de rating, e de orgulho nacional. Mas se não falei de hipocrisia, pensei nela a propósito das tomadas de posição, agora, em relação ao Norte de África, por parte de alguns governos ocidentais. E, em relação à hipocrisia, há um poema de Sophia Andresen que talvez valha a pena lembrar. O seu título é:

As pessoas sensíveis

As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas.

O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Àquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o seu corpo
Porque não tinham outra.

"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão".

Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito.
Perdoai-lhes, Senhor,
Porque eles sabem o que fazem.

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