O verbo é viril em quase toda a sua poesia, mesmo quando lírica ou empenhada politicamente. Miguel Hernández (1910-1942) que, em criança e jovem, foi pastor de cabras e leiteiro, nasceu em Orihuela (Alicante). Mas leu muito, sobretudo poesia. Depois combateu pela República Espanhola. Em 1939, após a derrocada, em fuga, tentou entrar pela fronteira portuguesa, mas foi "devolvido" aos franquistas. De prisão em prisão, muito abalado de saúde, acabou por morrer em Março de 1942, com 32 anos incompletos, de tuberculose pulmonar.
É dele o soneto que, agora, traduzo:
Como um touro eu nasci para o luto
e para a dor, como um touro estou marcado
por um ferro infernal no meu costado
e por varão na virilha como um fruto.
Como um touro o encontro diminuto
todo o meu coração desmesurado
e do rosto do beijo enamorado
como um touro o teu amor disputo.
Como um touro cresço no castigo
a língua no coração tenho banhada
e levo ao colo um vendaval sonoro.
Como um touro te sigo e te persigo
e deixas meu desejo numa espada
como um touro enganado, como um touro.
Me gusta.
ResponderEliminarDevo o conhecimento de alguns poetas espanhóis a Paco Ibañez - e Miguel Hernandez é um deles:
«Andaluces de Jaen,
aceituneros altivos,
decidme en el alma:
Quien, quien levanto los olivos? [...]»
Obrigado, MR!
ResponderEliminarE o Ibañez parece-me uma óptima via.
Grato pela transcrição, que comprova a "musculatura" musical da poesia de Hernández.
Diz a Wikipedia - e não confirmei ainda - que M. H. morreu a 28 de Março. Nesse dia colocarei uma outra versão de «Andaluces de Jaen».
ResponderEliminarCorrecto, afirmativo, MR. Informação cruzada por outra via. Hernández morreu no Hospital de la Prisión de Alicante.
ResponderEliminarMe gusta Miguel Hernández; me gusta Paco Ibáñez. Mas não é como na canção de Manu Chao. :)
ResponderEliminarQuase...
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