quarta-feira, 9 de março de 2011

O frio de Março, no Carnaval


Aos chuviscos e frio que batiam na esplanada, quase deserta, opôs-se o acalorado da discussão. Talvez por isso, ali ficamos quase duas horas. De lá saí enregelado. Os temas eram pequenas filosofias do dia a dia. Mas a oposição não poderia ser maior. Entre as pindéricas traduções do Google, do meu lado; da parte do meu opositor, o predomínio económico dos judeus, que eu teimava em abstractizar para: americano. Não sei se haverá chineses judeus...
Não chegamos a acordo. E com as pequenas pausas, para tomar o café e beberricarmos a Antíqua, lá voltávamos, insistentes, à carga. De artilharia ligeira... Sobre as traduções (do Google), eu sintetizava: uma empresa que se preze, ou presta um serviço com um mínimo de rigor ou, simplesmente, não oferece esse serviço. E assim foi por ali fora, com o vento frio a chegar aos ossos, palavra puxa palavra.
Antes, felizmente, tinham sido uns linguadinhos fritos com arroz de tomate e ervilhas. Atendidos por um empregado que, se não fosse a dificuldade em dizer o nome dos vinhos que havia no restaurante, eu tomaria por português. Não era, era romeno. Muito sóbrio, atento e digno. Isso fez-me voltar às palavras de Rui Catalão, no "Público" de 2 de Março, em que dizia que não conseguiu suportar uma espécie de "morte espiritual" da Roménia, acrescentando que "via as pessoas (romenos) a transformarem-se de continentes em arquipélagos".
Acabei o dia, muito a propósito, a ler Cioran, a ver se entendia, totalmente, essas palavras (que Claudio Magris também refere de outro modo). E também em homenagem simbólica ao discreto e eficiente empregado romeno que nos servira, ao almoço.

2 comentários:

  1. O seu amigo não deve ir a Londres há muito tempo... :-)

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  2. Talvez há 6 ou 7 anos... E os Rotschilds também não se perderam: 1 para a América, outro para Paris, o terceiro na Alemanha, outro, em Londres. O quinto,é que não sei: se calhar, premonitório, casou com uma chinesa...

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