A chuva oblíqua tinha-me vindo de outra realidade. Que não do Pessoa, decerto, mas de uma raíz mais prosaica. E, do excesso, é sempre bom ter um bocado. Para momentos de heroísmo, de irreflexão, ou amores impossíveis. Para abrir, romper a rotina, sermos outros instantes sobre a vida - e não nos repetirmos sempre.
Há muito tempo, e no cais, o homem grisalho teria dito, quase ao pé de mim: "...o barco saíu daqui, com boa manobra e tudo..." - como dois versos perfeitos separados pela vírgula. Pensei, na altura, que era um belo começo de poema. E tomei nota das palavras, num pequeno papel, que perdi. Mas nunca consegui continuá-las...
Confesso a minha especial inclinação pelas «obras imperfeitas» (ou seja, inacabadas). Uma daquelas que só Freud explicaria... :-) Belo post!
ResponderEliminarMuito obrigado, c.a.. A incompletude permite-nos sempre imaginar o que poderia ser. É um exercício, no mínimo, saudável.
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