Como tudo o que é extravagante, ou insólito, Sebastião Alba provocou na altura um sobressalto, humano e literário - porque foi notícia temporária e efémera. Falou-se dele, publicaram-se-lhe uns poemas mas, hoje, passado o "susto", é apenas uma nota de rodapé na História, um nome quase desconhecido, 13 pequenas letras numa história de literatura portuguesa que seja minuciosa e inclusiva.
De seu nome natural, Dinis Carneiro Gonçalves, nasceu em Braga, a 11 de Março de 1940, mas cedo foi para Moçambique. Nos anos 70 publicou o livro de poemas "Ritmo de Presságio". Regressou a Portugal, trabalhou, casou e teve duas filhas. Mas em meados dos anos 90 abandonou o "mundo", transferindo-se para o sub-mundo dos sem abrigo. Em 1997, ainda o seu livro de poesia "Noite Dividida" (Assírio e Alvim, 1996) ganhou o Grande Prémio de Poesia ITF, em Braga.
Mas este poeta sem abrigo, que escolheu a rua para viver, morreu atropelado por um motociclista estouvado, em 15 de Abril do ano 2000. A sua voz poética é, no mínimo, singular. Recordêmo-lo:
Os Poetas
Com as polidas cintilações
das ondas eles enredam o mar
e aspam de brancura o voo das gaivotas
Sua íntima atitude
é a das estátuas por fora
Como elas amam sem noções que lhes doam
O céu foi o seu fundo das pupilas
orto da Estrela da Manhã
Mas volvidos são das paisagens rumorosas
onde nem o corpo do vento se suprime.
Este nome dizia-me qualquer coisa, creio que o encontrei pela primeira vez aqui: http://ma-schamba.com/literatura-mocambique/sebastiao-alba/sebastiao-alba-2/
ResponderEliminarE através do ma-shamba fui ter aqui: http://www.macua.org/livros/sebalba.html
O poema é magnífico!
Há uma tendência insistente para colar S. A. a Moçambique, para onde ele foi, com 8 anos, e fez a tropa. Mas a voz é, no mínimo, claramente europeia e não africana. Pode ser que a Assírio & Alvim não tenha esgotado o livro. Recomendo-lho, vivamente, c.a..
ResponderEliminarObrigada! vou procurar (e ver se ainda o faço até dia 19, para aproveitar os saldos da Assírio)
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