"...Literariamente, nasci livre. Abraçado a esta liberdade, minha luz e minha cruz, irei até que feche os olhos, se tiver quem mos feche. E penso ainda, questão de querer ( o mais custoso, a quem pode querer ), tornar-me lá à minha casa do Minho - hoje casa de fantasmas -, aos meus horizontes de rio e de penedos, aos meus limoeiros e laranjeiras, ao meu retiro entre buxos, à minha fonte só minha, ao meu silêncio que assombram vozes antigas. Lá, arranjar um perdigueiro, mas de raça, afeito a pensar, nem que por ele dê uns contos. Pategos, nem cães! E seja-me ele companheiro, fale-lhe e entenda-me, queira-me o afago na cabeça, conte-lhe doutros da sua raça, que em tempos lá preguiçaram às mesmas sombras e me acompanharam pelas mesmas serras, alguns que por lá deixaram descendência. Netos, hoje, em que grau? E levá-lo ainda comigo às perdizes e galinholas, ser digna dele, ainda, a minha espingarda. Primeiramente, conversaremos os dois, entender-me os olhares, contar-lhe que também precisei de morder, porque amei, que também eu tive uma vida de cão."
Tomaz de Figueiredo, final do prefácio do livro de novelas Vida de Cão .
Caro Senhor,
ResponderEliminarPedia-lhe um esclarecimento. O livro que tenho de Tomaz de Figueiredo Vida de Cão editado pela Verbo não tem qualquer prefácio pelo que não inclui o texto que acima transcreve.
Pode dar-me alguma explicação.
Muito grato
O meu nome é jose cunha e o meu mail é jmocunha@gmail.com
EliminarDe momento, não tenho o livro comigo, mas amanhã já poderei esclarecê-lo melhor - o que farei aqui mesmo.
ResponderEliminarMas provavelmente tratar-se-á de uma outra edição.
Muito obrigado. O livro que tenho foi publicado em 1963.
ResponderEliminarMeu Caro:
ResponderEliminarA sua é a primeira edição, que eu não tenho. O exemplar que possuo é a 2ª edição, cujo prefácio (saboroso) tem a data: Lisboa, Dezembro de 1968. Ainda bem que gosta de Tomaz de Figueiredo, que ainda conheci de vista, por o ver muitas vezes a tomar café, na Pastelaria Ceuta (Av. da República, Lx.), com a Maria do Céu Guerra e o poeta, hoje esquecido, Mendes de Carvalho.
Uma sugestão: se não tem, tente ler o "Dicionário Falado", obra póstuma, creio, que é interessantíssimo.
Muito obrigado pelo seu esclarecimento e pela sugestão de leitura, que vai ter que ser precedida de caçada pelos alfarrabistas. Um abraço
ResponderEliminarNão tem que agradecer: fi-lo com gosto. Também aprecio T. de Figueiredo.
ResponderEliminarMeu caro,
ResponderEliminarApesar de alguma pesquisa o facto é que a segunda edição do Vida de Cão que penso esteja integrada no volume de Novelas e Contos I está esgotado inclusivé na INCM. Tinha muito interesse em ler todo o prefácio. Será que é pedir-lhe muito que me seja facultado de alguma forma. O dicionário falado também ainda nada mas há-de aparecer.
aceite um abraço josé cunha
Não tenho possibilidades de satisfazer o seu pedido, porque estou de férias e não tenho o livro comigo.
ResponderEliminarMas, se vier a Lisboa, na loja da IN-CM, na rua da Escola Politécnica, encontrará o volume, ou mesmo na dependêcia do Porto, próximo da Praça Filipa de Lencastre.