Já, por aqui, falei de José Daniel Rodrigues da Costa (1757-1832) que teve o nome arcádico de Josino Leiriense por ter nascido nas proximidades de Leiria. Tem obra vasta que publicou em folhetos e fascículos, alguns editados semanalmente, outros, de mês a mês. Tinha muitos leitores que apreciavam o seu tom chocarreiro, divertido, "light" - como hoje pulula, feito por senhoras e senhores que aproveitam a publicidade que as revistas róseas lhes fazem. Outros que usufruem do facto de aparecerem, frequentemente, nas televisões. Não importa muito a qualidade do que escrevem, mas sim aparecerem muito...
Rodrigues da Costa era pouco culto, a sua poesia é medíocre, mas a sua imaginação era muita e produzia em quantidade, até porque lho exigiam os seus sôfregos leitores. Mas devia ser um homem honesto, que se indignava muitas vezes com os desmandos da sociedade portuguesa. Em poesia, trabalhava por circunstância (como hoje, também, ainda se faz) e fazia algumas cedências ao Poder instituido. É o caso deste folheto de regozijo pelo restabelecimento do príncipe D. José.
O folheto foi editado em 1789 e custou-me, por volta de 1980, Esc. 1.500$00 (cerca de 7,50 euros). Não sei se é raro, mas não será frequente. A fragilidade dos folhetos e a fraca qualidade do papel usado, nas impressões, não auguravam grande longevidade a estas pequenas obras. Actualmente, pequenas peças deste tipo são vendidas por cerca de 25,00 euros, dependendo do estado em que se encontram, da raridade, e do autor.
Gosto de ler José Daniel Rodrigues da Costa porque se encontram muitas referências ao quotidiano de então. Acho que ele escrevia tanto por causa dos leitores, mas também para comer.
ResponderEliminarEu também, para apanhar os tiques da época.
ResponderEliminarE foi realmente uma espécie de Camilo (de menor qualidade, é certo) na subsistência pela escrita.