Quando hoje de manhã, displicentemente e ao acaso, para passar o tempo, abri o primeiro volume da Opera Omnia (Bertrand) de Bocage, e li um soneto de circunstância, o óbvio tornou-se um clarão irrefutável. E disse para comigo: "Mas isto podia ser um Junqueiro mais antigo!" Tinha percebido, indesmentivelmente, uma evidência que me escapara, anos e anos...
Mas se, com alguma prática de leitura, conseguimos perceber a filiação de um poeta em algum vate mais antigo, com as palavras nem sempre a paternidade é tão simples e notória. Muito menos, em língua estrangeira. O francês sempre foi muito pródigo em actualizar a sua linguagem do dia a dia, muitas vezes, através de uma abreviatura (bac, por exemplo) ou por justaposição encurtada (polar= romance policial).
Foi essa a razão por que, no início dos anos 90 do século passado, eu comprei este pequeno (118 páginas de texto útil) e simpático livrinho. Bem conservado e encadernado em meia-francesa, este "Dictionnaire Français-Argot" (Albert Méricant, Editeur, Paris), de Raphael Noter, com satíricas ilustrações de A. Vignola, terá sido publicado, muito provavelmente, nos anos 30. Custou-me Esc. 780$00. Bem aplicados, com gosto e proveito.
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