A leitura sequencial, no TLS, do desagrado da recensão crítica de Kelly Grovier, depois de ver na Tate Britain, a exposição dos 4 finalistas (James Richards, Ciara Phillips...) concorrentes ao Turner Prize, e, três páginas depois, ler o texto de compreensiva bonomia com que Laura Freeman aprecia a obra pictórica do pescador da Cornualha e pintor naïf Alfred Wallis (1855-1942), levou-me a algumas reflexões desencontradas sobre a arte, em geral.
Parece-me pacífico afirmar que as obras dos pintores-de-domingo estão para a Pintura, num plano semelhante em como as quadras populares estão para a Poesia. A diferença reside na erudição clássica de que uns são portadores qualitativos e, outros, possuirem apenas o jeito e o gosto da reprodução tosca e sincera das coisas, numa transposição pura sem qualquer transfiguração elaborada. Mas, até aqui e pelo menos para mim, há uma diferença abissal entre a pintura de Le Douanier Rousseau e os quadros de Frida Kahlo.
Não posso deixar de simpatizar com a obra do pintor naïf vimaranense Mestre Caçoila, alfaiate de profissão - que nos anos 70 chegou até a expor no Palácio Foz -, mas longe de mim compará-la com os quadros de José de Guimarães, que até o apreciava e coleccionava.
A diferença está, porventura, na tal poética do teclado que Schubert referia e Alfred Brendel cita no poste abaixo, na tentativa de explicação de uma sonata schubertiana...
Nota: o quadro em imagem, que antecede este poste, é da autoria de Alfred Wallis.
Há naïf e naïf, há Rousseau e Wallis, que me parece demasiado naïf. Não conhecia. Fui procurar na net e...
ResponderEliminarBom domingo!
Wallis tem pinturas bem interessantes, quase todas de temática marítima.
EliminarUma boa noite!