sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Alberto de Lacerda


Se, como é costume dizer-se, a felicidade não tem história, a infelicidade faz-se por esquecer, porque nunca nos há-de iluminar os dias do futuro.
Todos os anos, pelo mês de Dezembro, o TLS promove um inquérito junto dos seus colaboradores habituais, dos críticos especializados e de escritores, para que estes elejam os livros do ano, que melhor impressão lhes deixaram, após a leitura. E, de todas as vezes, eu procuro, ansiosa e afanosamente, essas páginas e respostas, a ver se encontro, nessas escolhas, algum autor de língua portuguesa. Não tenho sorte, normalmente, como foi o caso deste ano, embora, no passado, já por duas vezes, José Saramago tivesse sido referido. Mas neste Dezembro de 2014, em que o próprio Patrick Modiano, Nobel recente, é referido por apenas 3 (dos cerca de 60) inquiridos, portugueses é que não havia. Nem sequer brasileiros...
Para minha surpresa, no entanto, na última página do TLS (nº 5826), com esboços de dois retratos, feitos pelo poeta Robert Duncan, falava-se de Alberto de Lacerda (1928-2007), cujos últimos anos de vida, em Londres, foram coalhados de privações, amargura e solidão. Coleccionador compulsivo (de arte, cartazes, pequenos vestígios do passado...), o poeta português, nascido em Moçambique, conheceu, privou e era conhecido de muitos dos mais célebres escritores e artistas ingleses (T. S. Eliot, Edith Sitwell, Evelyn Waugh, Auden...), seus contemporâneos, e possuía abundante correspondência de muitos deles.
Para quem não saiba, grande parte deste espólio de Alberto de Lacerda, graças à intermediação do, também, poeta Luís Amorim de Sousa (1937), encontra-se à guarda da Fundação Mário Soares, na rua de S. Bento. Onde, creio, pode ser consultado. 

3 comentários:

  1. Gosto muito do poeta Alberto Lacerda.

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  2. Alberto de Lacerda. Lá me esquecia do de que lhe era tão caro. :)

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    1. É verdade. Tem dois ou três poemas magníficos, o que, para um Poeta é uma benção milagrosa. Depois, dizia lindamente os poemas dele, o que é coisa rara. E era uma pessoa discreta e simpática - pelo menos, foi a impressão que colhi, quando falei com ele, pela primeira e única vez, na Soc. das Belas Artes, nos anos 90..:-)
      Um bom sábado soalheiro!

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