É agora que eu gostaria de elevar um pouco o tom destas confidências.
O porto (Sète), os navios, os peixes, os cheiros, a natação, não eram senão uma espécie de prelúdio. Torna-se necessário, nesta altura, exemplificar-vos uma acção mais profunda do mar natal sobre o meu espírito. O rigor é extremamente difícil nestas matérias. Não gosto de falar de influência, que designa apenas uma espécie de ignorância ou hipótese, e que desempenha um papel tão importante e tão cómodo na crítica. Mas tentarei dizer aquilo que me parece.
Certamente que nada foi tão forte na minha formação, mais íntimo, melhor absorvido - ou construído - do que estas horas votadas ao estudo, distraídas na aparência, mas dedicadas, no fundo, ao culto inconsciente de três ou quatro divindades incontestáveis: o Mar, o Céu, o Sol.
Eu reencontrava, sem o saber, não sei que deslumbramentos ou exaltações do ser primitivo. Não vejo nenhum livro que possa substituir, nenhum autor que consiga criar em nós estes estados de estupor fecundo, de contemplação e de comunhão que eu conheci nos meus primeiros anos de vida.
Paul Valéry, in Variété III (pg. 241).
Já estive em Sète, várias vezes, a espreitar o verdadeiro Mediterrâneo e a boca do Canal do Midi, um dos meus sonhos sempre adiados.
ResponderEliminarFeliz Natal!
Infelizmente, não conheço.
EliminarObrigado. Uma Consoada Alto-Duriense, como manda a lei!...