quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Tempos cruzados


Ora acontece que, no mesmo dia, me foi dado folhear um catálogo interessante de uma casa leiloeira lisbonense e, logo a seguir, ler um artigo esclarecedor sobre as razões que obrigaram o pintor holandês Rembrandt van Rijn (1606-1669) a ter que vender a sua casa e leiloar grande parte do seu recheio, nomeadamente, de pinturas suas, de Holbein e de outros artistas consagrados - para grande mágoa pessoal.
O catálogo português, que vi, permitia supor, pela casa que albergava algumas preciosidades, na linha de Sintra, que pertenceria a uma família com grandes posses mas que, por motivos de herança e/ou da crise que nos atinge a todos, se vira obrigada a leiloar: Botelhos, Pomares, Dordio Gomes, Josefas, para só falar de pintura portuguesa...
E não pude deixar de pensar naquelas tias da Linha de Cascais que, segundo Queiroz Pereira referiu, à noite, fazem bolos para vender, de manhã, aos restaurantes da zona. Como me recordei que, ainda não há muito tempo, uma sobrinha delas, dizia que ia para a Comporta "brincar aos pobrezinhos".
Ao menos, a ruína de Rembrandt devia-se, não à má gestão, mas às consequências da guerra anglo-holandesa (1652-54) e ao declínio económico da Holanda. As "malhas que o Império tece..." - como diria Fernando Pessoa.

4 comentários:

  1. Vi o mesmo catálogo do leilão e também me impressionou. Não relacionei com Rembrandt, contudo... Bom dia!

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  2. Essa do Queirós Pereira... tretas. Acha que as tias de Cascais sabem fazer bolos?
    Miss Tolstoi

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    Respostas
    1. Aquilo foi mordente, e para salvar a "honra" das irmãs dele (Q. Pereira).
      Quando muito, as Espíritas Santas mandam as criadas fazer...

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