Talvez de uma forma ligeiramente polémica, T. S. Eliot (1888-1965), em Ensaios de Doutrina Crítica (tradução de J. Monteiro-Grillo), aborda a questão da recepção à leitura de Poesia, da seguinte forma:
"...Pouco importa que um poeta tivesse tido um público numeroso no seu tempo. O que realmente interessa é que tenha tido público, mesmo que reduzido, em todas as gerações. E contudo, o que afirmei acima sugere, que a importância do poeta é a sua própria época, ou que os poetas que já morreram deixam de ter utilidade para nós, se não possuirmos também poetas vivos. Eu ainda vou mais longe: afirmo que, quando um poeta consegue público numeroso muito rapidamente, se torna suspeito, pois somos levados a recear que não está a realizar nada de novo, que apenas está a dar ao público aquilo a que o público já está habituado, ou seja, aquilo que já lhe foi dado pelos poetas da geração anterior. Mas importa de facto que um poeta, no seu tempo tenha tido aquele público adequado e reduzido. Deve sempre existir uma pequena vanguarda de gente apreciadora de poesia, independente e adiantada à sua época, ou pronta a mais rapidamente assimilar a novidade. O desenvolvimento da cultura não significa trazer toda a gente para frente, o que seria equivalente a manter tudo nivelado; o desenvolvimento consiste na conservação de uma élite, mas seguida pela grande massa, mais passiva, dos leitores, com um atraso não superior a uma geração, aproximadamente."
A importância das elites, aqui como noutras áreas.
ResponderEliminarEu creio que Eliot estava a pensar em Pound e na sua própria obra, quando escreveu isto. Mas as palavras são justas. A nível nacional, bastaria pensar em Ary dos Santos e Herberto Helder...
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