quinta-feira, 17 de outubro de 2013

À boca de um tempo feio


A Primavera, em grande parte do Brasil, deve estar visível e pujante, porque os migrantes jacarandás, no Rossio, já começaram a florir, timidamente, por entre a filigrana verde da intensa ramaria - não perderam a memória, que os faz florir por duas vezes, todos os anos, em Portugal. Abençoados sejam, na sua alegria!
Foi esta a minha visão mais feliz do dia, hoje. Que o resto é usura, sujeição, mediocridade, secura de pele e alma, pequenez, horizontes cerrados. Um "tempo feo", de que falava, a propósito de um quadro seu, o pintor espanhol Manolo Millares.

7 comentários:

  1. Se me não falha a memória, Raul Brandão falava algures na(s) árvore(s) que teimava(m) em dar folha, ou flor, no Inverno. Se já estavam (os jacarandás) em Lisboa ou no Porto nessa altura, talvez não fosse mero efeito literário...
    Fica-se é a pensar, quem não perceba nada de botânica, como podem exportar o hábito para o outro lado do Atlântico e florir no nosso Outono. Seja memória vegetal ou outra razão qualquer, intriga.

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  2. Não tenho presente o texto de Raul Brandão, mas a primeira referência à dupla floração dos jacarandás chegou-me via Dário Castro Alves, ex-embaixador do Brasil em Portugal, que atribui o facto à memória biológica ou genética. Falei disso pela primeira vez, aqui no Blogue, a15/6/2010.

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  3. Adoro jacarandás! Um espectáculo de cor e de vida! Sortudo! (digo eu, um bocado invejosa :-))

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  4. O Rossio está ficar lindíssimo, mesmo no Outono..:-)

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  5. A fotografia está muito bonita!
    Pena não ter fotografado o amanhecer à Turner!
    Boa noite!

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  6. Nem sempre a maquineta está à mão e carregada..:-)
    Bom dia, Isabel!

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  7. Já vi o «post» que refere; se os jacarandás já cá estão há alguns séculos, está mais do que explicado... (Vou investigar a história da memória biológica e, se souber alguma coisa, dir-lhe-ei)

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