quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Bibliofilia 89


Não se pode dizer que este livro, com poemas de Cecília Meireles, ilustrado por Vieira Silva, seja raro, até porque esta edição brasileira (1979), de 1.500 exemplares (o meu tem o número 455), promovida pela Confraria dos Amigos do Livro, em Portugal, demorou uns anos a esgotar-se. Custou-me cerca de Esc. 1.200$00, por volta de 1985, porque andei a namorá-lo algum tempo, até me decidir. Mas a beleza da edição e a qualidade do conteúdo venceram a hesitação.
As dimensões avantajadas do livro (29,5 por 31,5 cm.) não permitiram escanar a obra de forma que fosse visível, amplamente, a qualidade desta edição cuidada, que foi acompanhada por Carlos Lacerda e Luiz Forjaz Trigueiros. A capa, em pano verde, é do próprio editor. E as ilustrações de Vieira da Silva, vê-se que foram feitas com afecto. O que não admira, porque Cecília Meireles e Vieira da Silva foram grandes amigas.
Creio que, em leilões, só assisti à venda de um exemplar semelhante, no final dos anos 90, e que atingiu um preço que rondaria Esc. 5.000$00. Para a qualidade do livro, não me parece que tenha sido excessivo.

10 comentários:

  1. Parece uma beleza!
    Gosto da Cecília Meireles e da Vieira da Silva.
    Vou pedir à Cláudia da Lumière se o consegue arranjar ( e se cabe no meu orçamento) .
    Boa noite!

    ResponderEliminar
  2. Boa noite. Foi vendido em leilão recente (Março de 2012, também o único que me lembro de ter o livro em praça), promovido pela Livraria Manuel Ferreira, de uma biblioteca particular cujo proprietário preferiu o anonimato, um exemplar pelo preço de 35€, se não apontei mal o valor. (Por hoje, mais coisa, menos coisa, entre 30 e 40€ parece razoável qualquer avaliação, tratando-se de exemplar minimamente bem cuidado)

    ResponderEliminar
  3. Obrigado pela sua achega.
    Pese embora o facto de os livros em alfarrabistas e leilões portuenses sairem, normalmente, mais caros de que em Lisboa (e não sei se este leilão da L. Manuel Ferreira, que refere, foi na Invicta ou em Lx.), os preços que aponta, parecem-me razoáveis.
    Bom dia!

    ResponderEliminar
  4. Olá, boa tarde. O leilão foi no Porto, mas olhe que nem tenho nada essa ideia de os leilões saírem mais caros do que em Lisboa... Depende. Se comparar, por exemplo, os leilões dessa mesma Manuel Ferreira com os do Palácio do Correio Velho, que são, parece-me, quem organiza leilões de livros com mais recorrência numa cidade e noutra, é flagrantemente o contrário (o preço-base do livro, no caso, foi 10€; e nesse ou noutro leilão do mesmo promotor comprei quase-preciosidades a 5, que no PCV foram postas a um preço-base de 75...). Quanto às livrarias, parece-me que é a mesma coisa, embora não as conheça a todas (mas quase). Há caras e baratas num lado e noutro. Cada cabeça...
    Em todo o caso, tudo aponta que essa venha a ser uma boa peça de colecção. Não desdenhe da sua «galinha»...

    ResponderEliminar
  5. A minha convicção resulta, fundamentalmente, do acompanhamento em simultâneo dos Boletins Bibliográficos da Livraria Académica (Canavez) e Liv. Manuel Ferreira, do Porto, e dos de Luís Burnay, Liv. Antiquária do Calhariz e Liv. Barateira, em Lisboa, nos anos 70, 80 e 90, sobretudo.
    Nos Leilões, as coisas e preços variam, realmente: há picardias e, às vezes, emoções ao rubro. E, pelo menos, nos leilões do Correio Velho, havia muita "feira de vaidades"...o que não acontecia nos do Burnay ou do José Manuel Rodrigues.
    Duas convicções fundas, minhas: o livro moderno usado (séc. XX), no Porto, é mais caro, nos Alfarrabistas. Ou a Camiliana, de uma forma geral. Em Lisboa compram-se mais barato.
    Aliás, o próprio Camilo vinha à Capital, para comprtar alfarrábios. Porque achava que eram mais baratos e, também, claro, porque a oferta era maior.
    Uma boa noite, para si.

    ResponderEliminar
  6. Olá de novo, boa noite.
    Pois: as duas portuenses que refere são das mais (se não as duas mais) «altas» da cidade em venda directa ao público, não em leilão, no caso da Manuel Ferreira. Pelo contrário, essas lisboetas a que alude têm (tinham, se contarmos a Barateira) preços bastante mais em conta; uma delas, sem querer ser deselegante, acho-a mesmo demasiado «barateira», ao contrário da que tinha o nome. Como mais baratas são várias outras em Lisboa e no Porto; algumas, até, demasiado, porque todos perdem, vendedores e coleccionadores, com a desvalorização dos livros, cujo valor depende só dos preços praticados no mercado. Mas, também em Lisboa, conheço várias - não lhes vou dizer os nomes, ainda para evitar eventual deselegância - com preços bem mais caros do que as mais caras do Porto.
    Em suma, e para remate, dir-lhe-ei que estaremos de acordo na premissa de haver mais livrarias com preços mais baratos em Lisboa, desde que assumamos a complementar: a de que há outras mais com preços mais caros. Há, simplesmente, mais livrarias em Lisboa. (Diria que o dobro das do Porto, por alto).
    Por outro lado, sublinho que me parece mais do que aceitável a disparidade de preços, reflexo da diversidade das coisas e das maneiras de as ver. Cada livraria pode e deve avaliar os livros como bem entenda. Parece-me é que isso só vale dentro de determinados limites: especular, à velha maneira alfarrabista portuguesa, com os preços, acho mal; como mal acho vender livros «a peso» (costumo usar a expressão «como quem vende sapatos», sem qualquer desprimor para a digna sapataria). A virtude anda algures, como quase sempre, pelo termo médio...

    ResponderEliminar
  7. Votos de um bom dia, antes de mais.
    Pois eu, ao contrário da sua opção, prefiro concretizar os exemplos, e aqui vai.
    Conheci a Livraria Académica (família Guedes?) nos anos 50 e gostava de lá ir (há poste no Arpose, onde falo nisso). Quando lá voltei (anos 80?), já na mão de N. Canavez, ia cegando com os profusos dourados das encadernações, nas estantes...de preços, nem falo.
    Vou referir dois casos lisboetas, de justo equilíbrio em preços e bons acervos: a extinta Livraria Histórica e Ultramarina (do sr. Almarjão, secundado sabiamente pelo sr. Beckmeier) e ainda existente Livraria Olissipo, de José Vicente, que também promove leilões. Ambas, modelos de equilíbrio e negócio justo.
    Nas antípodas, a rondar o exorbitante e escandaloso nos preços, temos o sr. Richard C. Ramer (veja, s. f. f., no Arpose: "Bibliofilia 67:...", de 30/7/2012), mas como ele também tem escritório em Nova Iorque, o exagero explica-se: vende, sobretudo, para americanos...
    Quanto ao resto, e como em tudo, há que procurar, ver e optar.

    ResponderEliminar
  8. Olá, boa noite.

    A opção de não referir nomes de livrarias assim em público foi só por discrição (é feitio) e, sobretudo, porque teria de fazer publicidade negativa por um motivo pequeno: a «política» de preços. Se fosse motivo maior, ético, deontológico ou quejando, outro galo cantaria... Espero que compreenda.
    De qualquer maneira, insisto em que por cada livraria portuense com preços mais altos lhe aponto duas lisboetas (como me apontará a mim o inverso; havendo mais livrarias, há mais de tudo, caro e barato, é sempre assim). E exorbitantes, no justo sentido da palavra, já não há no Porto quase nenhuma - só uma que abriu recentemente, mas que, mesmo assim, parece ter compradores para aqueles preços «puxadinhos». A Académica, se vir pelos catálogos mais recentes, já baixou um tanto os preços (sinal dos tempos). Quanto à Manuel Ferreira, nunca me pareceu que fossem tão altos, só não gostavam - nem gostam - é de os baixar, salvo em leilões. Uma política de negócio como outra qualquer, sem dúvida, razoável.
    Enfim, o assunto dava pano para mangas. Nem sei até que ponto, ainda nos casos de livros antigos, haverá absoluta discricionaridade de marcação de preços sem subordinação ao direito de concorrência, por exemplo. Nunca pensei nisso. Quanto à nossa «discussão», um dia, havendo oportunidade - por email ou outra via qualquer que deixe a coisa entre nós - logo o tentarei convencer, com exemplos concretos, de que foi deixando madurar esse preconceito...

    Um bom fim de semana.

    ResponderEliminar