terça-feira, 15 de outubro de 2013

Citações CLV


A poesia inferior ganha em ser declamada, aumentada nos ouvidos, não nos olhos. A superior perde assim; ganha lida em silêncio com os olhos.

Juan Ramón Jimenez (1881-1958), in Estetica y Etica Estetica (Aguilar, 1967).

6 comentários:

  1. Não sei se é mesmo assim, mas eu não gosto muito de ouvir ler poesia. Melhor ou pior, penso quase sempre que não leria assim. Acho que é apenas porque gosto de a ler conforme a interpreto, à minha maneira. Às vezes penso que não leria de forma tão agressiva; outras vezes penso que se fosse eu lia com mais força...enfim, isto se calhar é pretensão, mas prefiro ler em silêncio, que ouvi-la declamada.

    Boa noite!

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  2. Pois eu também gosto de ouvir. Tenho uns discos, com 40 anos, em que Sinde Filipe diz muito bem alguns poemas de Fernando Pessoa. Ainda hoje quando leio alguns desses poemas, oiço-os ditos por Sinde Filipe. .
    O mesmo com alguns poemas ditos por Maria Barroso e com a «Toada de Portalegre» dita por João Villaret, um declamador que não aprecio por aí além.

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  3. A única excepção que abro, convictamente, é para se é o próprio autor a dizer, quando diz bem. Alberto Lacerda dizia bem, Eugénio, assim assim, David dizia muito bem, como diz muito bem Almeida Mattos, poesia dele e de outros poetas. O resto é com o gosto de cada um, Isabel.
    Boa noite!

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  4. Penso que é tudo uma questão de densidade, MR.
    Ary ganhava e dizia bem os seus próprios poemas, bem como Natália, porque, do meu ponto de vista, escreveram poemas de "superfície", com intensidade musical, mas apenas essa. A poesia de Herberto é, essencialmente, uma poesia para ser lida, em silêncio, porque só assim ela se torna mais inteligível (excepção à linearidade do seu último livro, mas que, mesmo assim, não é de "superfície").
    Apesar de tudo, MR, penso que a poesia de Régio é da mesma família da de Ary ou Natália, ou Junqueiro, se quisermos ir mais atrás.
    E não estou a ver que os versos de Char, Jimenez, ganhem em ser ditos. Mas concedo, perfeitamente, que muitos dos poemas de Eugénio ganhem na voz - quando bem ditos - mais do que o silêncio da leitura lhes pode dar.
    Uma boa noite, para si!

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  5. Percebo e concordo.
    Dizer um Aleixo e voz alta e ler (pensar) um ... sei lá, há tantos, um Herberto em silêncio, leva os poemas à dimensão que pertencem (nalguns casos acho que já era vontade do autor, o Ary escrevia para ser ouvido e não lido...)

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  6. A rima também terá algum peso, na questão, mas entronca, seguramente, na tal intensidade musical de que falei atrás. E acho que o tema não é simples de explicar.

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