A idade acaba por ser, quase sempre, uma comprida despedida. De pessoas e lugares, com todo o desconforto de os ir perdendo.
Também já aqui o afirmei: costumo ser fiel aos meus barbeiros, desde que sejam bons artífices. O sr. José, transmontano áspero, nascido numa aldeia próxima de Chaves, era um excelente barbeiro, lento no trabalho, mas perfeccionista, e já me cortava o cabelo há mais de 13 anos. Reformado, mas de boa saúde, ainda trabalhava, com os seus 68 anos, como bom e rijo Sagitário. Mas como a Barbearia Celeste não era dele, fecharam-lha à falsa fé. Ainda procurou uma pequena loja, para montar o seu próprio negócio, nas redondezas e na Baixa, mas os preços de aluguel eram incomportáveis. Resignou-se e foi para casa.
Por isso lá tive que mudar de Fígaro. Procurei nas cercanias e optei por uma Barbearia, onde exercem função 3 barbeiros (dois, bem sexagenários, mas activos) e mais duas manicures de provecta idade. Mas faltou-me aquela ambiência restaurada pelo Arquitecto Raúl Ramalho, nos anos 60, com espelhos que alargavam o horizonte e o truca-truca ritmado das tesouras do Sr. José, da rua 1º de Dezembro.
Imagino a quantidade de lojas que vão fechar.
ResponderEliminarAinda há dias quando passei no barbeiro Campos do Chiado pensei o que lhe irá acontecer.
As consequências desta sinistra política, que nos tem vindo a (des)governar, batem à porta de todos, infelizmente.
ResponderEliminarGostei da sua frase "A idade acaba por ser, quase sempre, uma comprida despedida"; e é triste ver partir pessoas, coisas, lugares...de que se gosta.
ResponderEliminarEstes espaços ainda com sabor muito típico, muito tradicional, vão desaparecendo aos poucos. É pena!
É verdade, Isabel, e contra isso nada podemos fazer...
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