quinta-feira, 11 de abril de 2013

Divagações 44


Como cegonhas tristes e estáticas, as gruas metálicas debruçam-se por sobre as águas cinzentas deste Abril monocolor. Na manhã, só as gaivotas emprestam movimento ao ar parado e frio, coberto de nuvens. Parecem fazer tirocínio de aves de rapina, sobre o Tejo, e expulsaram todas as pombas da paisagem.
As grandes ausências não perdoam aos rostos esquecidos. Que se retalharam de sulcos e de manchas do tempo, com os anos. Mas reconhecê-los pode ser, ainda, um leve sinal de alegria, ou uma súbita emoção na pele, que nos reconcilia com a juventude perdida. E com o passado. Sem nostalgia.

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