sexta-feira, 19 de abril de 2013

De Manuel Machado (1874-1947), retrato em verso de Filipe IV


Nada mais cortesão nem mais polido
que o nosso Rei Filipe, que Deus guarde,
sempre de negro até aos pés vestido.
Tão pálida a sua pele, como é a tarde,
cansado o ouro do seu cabelo ondeado,
e dos seus olhos, o azul, cobarde.
Sobre o seu augusto peito generoso
nem jóias perturbam nem correntes
o negro veludo silencioso.
E em vez de ceptro real, segura apenas
com desmaio galante, uma luva diante
da branca mão de azuladas veias.

2 comentários: