Já lá dizia o sábio Afonso X (1221-1284), avô do nosso D. Dinis, aconselhando: "...fazei arder lenha velha, lede livros antigos, bebei vinhos velhos e tende amigos de muito tempo". E, tirante os cavacos ressequidos, tenho-lhe seguido a advertência, com proveito e nenhum arrependimento.
Na sexta-feira passada que, por atavismo cristão, é dia de peixe farto nas bancas dos mercados, uns carapauzinhos frescos cruzaram-se comigo e, a pouca distância, numa pequena loja, alguns vinhos velhos (Dão e Bairrada, sobretudo) de 2000, 2001... Estavam em saldo, pela idade e para escoamento.
Peguei num Dão Painel tinto, de 2000, com as minhas castas favoritas (Tinta Roriz, Touriga Nacional e Jaen), juntei mais outro e, embora a medo, comprei-os. Treze anos, mesmo num Dão, são de temer: vinho morto ou vinagrinho são possíveis ou prováveis. Mas o preço baixo (2,10 euros) fez-me arriscar.
Sabe-se, e é de ciência certa, que o pior inimigo do vinho é o seu primo afastado, vinagre, que lhe deprime o sabor, em companhia prandial. Daí que nas saladas se deva evitar, quando bebermos vinho, o tempero do vinagre: umas gotas de limão serão mais aconselháveis. Mas daqueles carapauzinhos fritos, ao almoço, sobraram 8. Que, para o frugal jantar, HMJ, arranjou de escabeche (com vinagre, portanto).
Ora, eu estava com pressa de provar o Painel tinto, de 2000. É certo que foi preciso decantá-lo, mas o vinho estava excelente e, com os seus 13º e os seus 13 anos, bateu-se galhardamente bem com o escabeche. E melhor ainda com o queijo da Serra que se lhe seguiu. Razão tinha Afonso X.
Que pena eu não gostar de misturas... Até fiquei com vontade de comer. Mas, na verdade, ainda não almocei.... deve ser fome!
ResponderEliminarPara JAD:
ResponderEliminarPois é, as misturas. Mas não sabe o que perdeu !
Um rei cujo cognome foi justamente aplicado : Afonso X, " O Sábio " :)
ResponderEliminarE, com razão, em muitos domínios.
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