quarta-feira, 17 de abril de 2013

Entre a Poesia popular e o Esconjuro

Já aqui o referi: sou um grande apreciador de monografias regionais. Ensinam muito naquilo que há de saberes práticos, ligados à terra, desde a agricultura ao tempo, de mezinhas naturais a costumes. Talvez seja um saber menor, este que se pode encontrar numa monografia bem feita, com informações sobre personagens secundários da História, episódios curiosos e pitorescos que, apesar de interessarem, sobretudo, às pessoas do lugar, têm quase sempre agrado. De uma monografia sobre a Lourinhã, de Mário Baptista Pereira, passo a transcrever:

Oração para afugentar as trovoadas

-Santa Bárbara se levantou
Seu pezinho direito calçou,
Jesus Cristo perguntou:
-Onde vais Santa Bárbara?
-Vou espalhar a trovoada!

-Espalha-a lá pra bem longe
Onde não haja pão nem vinho,
Nem rama de S. Martinho,
Onde não se ouça cantar os galos
Nem tocar os sinos.

7 comentários:

  1. engraçado, quando era miúda em Amarante, nos dias de trovoada queimávamos os raminhos de oliveira que tinham sido benzidos na missa do domingo de ramos e rezavamos:

    Santa Barbara e S João Baptista
    levai a trovoada
    para monte maninho
    onde não haja pão nem vinho
    nem bafinho de menino.

    Não é muito diferente!

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  2. Pois, como diz o povo: "Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso". Porque, em Guimarães e lá por casa, havia uma ladaínha, quando a trovoada era forte, que rezava mais ou menos assim:
    "S. Jerónimo, Sta. Bárbara virgem,
    Chagas abertas, corações feridos,
    Sangue derramado por N. S. Jesus Cristo,
    Se interponham entre nós e o perigo!..."

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  3. Adoro estas estes esconjuros e detesto trovoadas... :)

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  4. Eu também aprecio os esconjuros, mas as trovoadas, pela prática do passado, deixam-me apenas mais atento e a medir a distância pelo raio (luz) e trovão (som). O que contribui para me entreter e distrair...

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  5. Faço o mesmo, mas ainda assim tenho um medo infantil de tempestades ...

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