sábado, 6 de abril de 2013

O dia seguinte


Não tenhamos ilusões. Porque eu não tenho grandes dúvidas que este ambiente de (aparente) desnorte, que se vive no país, interessa a muita gente. Antes de mais, convém à estratégia de caos pretendida pelos senhores do mundo e da finança; aos comentadores políticos, para a sua banal incontinência verborreica que vai pagando a sua vidinha videirinha. Mas interessa também, e muito, aos gurus estabelecidos, vulgo professores karamba, aos assessores desempregados, às agências de consultadoria, à Santa Casa da Misericórdia, aos anarcas renitentes - enfim, interessa a muita gente que, na prática, de útil nada produz. Para além de permitir intermináveis e suaves diálogos cristianíssimos nos feicebuques de várias paróquias provinciais. Que mais se poderia pretender?
Mas, hoje, eu estava sobretudo interessado em observar a encenação e o dramatismo ensaiado pelos agentes políticos, e quejandos, face à decisão de ontem, do Tribunal Constitucional. E a estratégia que iriam encetar, desenhando (pensei eu) uma tragédia à grega, ou uma tragicomédia à italiana, que viesse a permitir ainda mais abusos e desmandos. Tenho de confessar que saí desiludido: o nosso PM, pedindo previamente audiência, limitou-se a ir ao sarcófago de Belém, onde um mirífico faraó mumificado vai apodrecendo.
O que, como pose e estratégia governamental, me parece um ensaio mal preparado ou representação medíocre de uma companhia de teatro amador, de terceira ordem. Como se dizia nas casas nobres, em dias de festa: "Guardem as pratas, que vêm aí os cómicos!..."

4 comentários:

  1. Uma avalanche de comentadores realmente, especialmente de políticos em pousio que não hesitam em fazer os seus ajustes de contas com correligionários e ex-correligionários ( até Manuel Monteiro anda pelo cabo a comentar... ). Até há um que vem de Paris semanalmente fazer a sua homilia, mas esse parece que não recebe, ou porque não precisa ou já recebeu muito...

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